Para onde a leveza te leva?
- fiatluxmkt
- 10 de ago.
- 4 min de leitura
Atualizado: 15 de out.

1.
Perguntas sem resposta:
Para onde a leveza te leva?
Como?
De carro, moto, avião, qualquer condução?
Quem ela leva? Quem é ela? Quem é você?
Queres realmente ir? Ou preferes ficar?
As águas do rio que levam, escolhem o mar?
Ou o mar as escolhe?
As nuvens acima do mar têm destino?
Por acaso as raízes dos plânctons dão asas ao mar?
As muralhas são asas que nos levam ao alto, ou seriam as montanhas?
Ou seria levemente tocar o próprio coração e aí já estar?
Morada da Leveza
Neste simples ato de conhecer-se pelo tato
Sentir-se (leve)
simplesmente
Além das metas e do que já doeu
Sentir o coração
Esta porta sempre aí
disponível naturalmente
experimente
E instantaneamente, este toque te diz: _Está tudo bem. Não existe solidão. Nem medo, ansiedade.
2.
Ao sentir o seu coração, o amor instantaneamente floresce como um abraço
E exala o seu perfume de paz e autocontentamento
Sem nada demandar
Só você e o seu coração
Ele te sussurra que existe uma harmonia inerente em tudo
Que sabe um saber amoroso, morno, cálido
E que o ir ou ficar navega por si só
Não é o barco que nos leva, são as águas do mar
O barco são os pincéis, as tintas, a tela em branco
Mas é o oceano de ternura da Vida que faz nascer a arte
Como artista, todas as vezes que tentei definir ou planejar o destino de uma tela, fatalmente a arte morria! A olhos vistos!
Estagnava, e eu sem saber para onde ir.
Minhas telas me ensinam a cada dia que elas são um vir a ser em si mesmas.
E que a minha ação é de ausculta.
Entrega ativa
Abandono gostoso de ir sentindo, experimentando
Quando eu deixo ir (o controle), chega o que tem que chegar por vias próprias
e supreendentemente
Chega a beleza que era para chegar
O colorido, ou o branco
A curva sinuosa, ou a precisão da linha reta
A geometria sagrada, ou o a dança das células do hipocampo
3.
Atualmente estou pintando o Himalaia
Que pensava eu ser uma montanha
Nobre, mas uma montanha
Todavia, o que ela vem me revelando é que foi ela quem me escolheu
Ah e que amor ela transborda em mim por ela, pelos átomos da minha respiração!
Não para decifrar mensagens a serem guardadas nos arquivos de memória do controle mental
Mas para iniciar-me
Encontrar refúgio na imensidão, em tudo que se agiganta para fora dos limites
Sem limites.
E próxima do céu
Porque assentada em uma ascese
E eu reverencio a Vida sem querer conquistar o Himalaia
Mas sê-lo
Senti-lo
Escutá-lo
Porque a sua voz é uma voz que fala à minha voz
Gratidão ao Himalaia
Gratidão a você que me escutou até aqui
Que este aqui, possa te levar aí
Neste espaço de ser
Leve, bem leve
Deixo-lhes o poema de Maurício de Azevedo, Pequena Janela para uma Razão Poética.
4.
A leveza possui um perfume próprio que não pode nunca ser encontrado
pega-nos de surpresa
pega-nos de surpresa
pelo olfato da alma.
É tão encantadora a leveza que a perseguem, reis, poetas, sabios
filosofos, doutores, artistas
mas é da leveza ser só ela,
para poder ir mais longe
do que todos os céus possam conceber.
Tece a leveza, seu saber
é matéria da leveza, a sua calma
oir e voltar, sem assinar os passos
só o perfume da leveza, o éter
a identifica de fato
assim chegou-me ela, mansamente
como a flor e a luz de um poema
a leveza chegou como uma notícia alegre
daquelas que cortam ruas
para chegar mais depressa.
A leveza chegou como a palavra certa
o tempo certo, o abraço correto
na sensibilidade querida
como a música trazida do longe
um tempo longo de uma jornada
transmutada em instantes
como as folhas acompanhadas
que das arvores se despreendem
suavemente, singelamente
orquestradas
levemente, sábias
essa doce leveza amiga
como visita querida
que a muito tempo não se sabia
que só podia trazer-me notícias boas
mas a qual era preciso um abraço
para firmar a poesia.
Como a leveza que era
leveza mais que amiga
não vinha apressada, vinha suave
vinha aquecida, vinha perfumada
vinha calma, vinha minha
vinha dourada, vinha rainha.
Vinha flor, vinha certinha.
Contava-me a necessidade de não ter peso
ser esguia, ser ágil, ser fluida
tornar doce aquilo que era ira
fazer amavel o que forjava-se bruto
conferir leveza ainda mais
ao céu, a pluma
da leveza que nos é doce,
como podemos nos esquecer, nos entristecer
qual leveza mais leve
pode o amor oferecer
qual leveza se atreve
mais que esta leveza agora amiga
me amar, me enternecer.
e a leveza me abraçando, amiga
ia me tomando a alma
ia tomando -me o espírito
e a paz sentida, era então indescritivel
sentida na plenitude
daqueles voos no horizonte
dos banhos imersos nos sonhos
a leveza me concebia
em uma nova vida
contou-me suas rapsodias
de forma leve, bem leve
me deu um até breve,
e disse, amigo, volto depois.


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