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Solitude

Atualizado: 7 de out.

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1.

Das oitavas que se alcançam em estar só.

Neste espaço imenso de ser.


Sabes que posso dizer que o momento mais desafiante para mim como artista, é romper a tela em branco.

Romper a sua perfeição de conter ali a potência de tudo.

Como romper essa perfeição?

Como romper esse ar que atravessa sem limites?

E, às vezes, eu sinto que o meu processo de diálogo com uma tela, significa e traz esse desejo imenso de voltar para a tela em branco.

De dizer o que pode ser dito através de formas, cores e movimento daquilo que não pode ser dito.

De conter ali o não dito

O inominável

O que não se alcança

A potência ilimitada.

Às vezes, eu sinto que a minha busca em uma tela, é a busca por dizer o não dito.

E por deixar sempre essa isca

Do que não pode ser contido

Do indizível.

E estar só, são os fones de ouvido para ouvir o indizível.

Para adentrar o espaço que contém o ilimitado.

A solidão abre o salão da potência ilimitada de ser.


2.

Sim, minha força está na solidão. 

Que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir plena de tudo.

Clarice Lispector


Eu posso dizer que um dos meus maiores sonhos, é experimentar a vida com toda a sua multiplicidade de coisas, de expressões visuais, sem perder a potência ilimitada, sem perder o espaço ilimitado.

Experimentar a vida sem rugosidade, sem apegos, sem me agarrar.

Solta

Sentir as coisas soltas

Eu solta sentindo as coisas soltas


Harmonizar-se com a força de  estar só.

Estar só, oferta a oportunidade de tocar a vida em seu estado de pura potência não definida.

Tocar a vida sem sistemas, sem preconcepções

Tudo ali se abre.

Se harmonizar com o espaço vazio de uma tela em branco.

E com os espaços vazios que uma tela contém

Gilles Deleuze, filósofo francês é quem diz: 


“Uma tela pode ser inteiramente preenchida, a ponto de que nem mesmo o ar passe mais por ela; mas algo só é uma obra de arte se, como diz o pintor chinês, guarda vazios suficientes para permitir que neles saltem cavalos. (DELEUZE; GUATTARI, 1992)




3.

Uma vez eu ouvi a Lya Luft dizer algo a respeito sobre a criação de seus contos, que primeiro existe uma profusão de ideias, mas que o processo de escrita em si não é exatamente isso, e sim, a faxina das ideias; o tirar tudo para que fique, o essencial. 

A Clarice Lispector também dizia sobre o seu processo de escrita, que era uma espécie de procura de uma nebulosa que aos poucos se condensa, aos pouco se concretiza, aos poucos sobe à tona – até vir como um parto a primeira palavra que a exprima.”

Muitas vezes, no meu processo de criação, eu recebo tantas informações de estado de graça da vida que nos permeia, que eu não sei como colocar aquela profusão de informações na tela. E quando eu termino uma tela, eu me pergunto: Será que realmente os vazios que estão aí vão tocar, vão dizer aos meus queridos que estas informações, em verdade, estão trazendo o inominável, o que não pode ser dito?

Tem algumas telas que eu sinto que parece que isso ficou em segundo plano.

E sabe, eu amo todos os meus filhos telas, mas as telas em que o inominável está mais vívido, mais posto à prova, eu me sinto mais em paz em ser artista.

Porque a paz, a paz está na tela em branco.

Sentir-se sozinho,

Terás uma experiencia inapreensível de graça

Desejo-te


4.

Ali onde existe um espaço de não compreensão, isso é uma experiência de solidão

De potência ilimitada

Isso traz gozo artístico

é um gozo inaudível

e que perdura

Desejo-te


Uma interrogação que se experimenta como paz, é uma experiência de solidão em uma obra de arte

E se eu posso despertar isso através da minha arte, em você, isso é um gozo de graça

E esse gozo é inaudível

Como se estivesse experimentando a harmonia de pertencer à harmonia.

Essa inerente



Amar estar só não é negar a graça de compartilhar

De arrumar a mesa para receber o amor

Pois que seria da nona sinfonia sem as pausas, sem o silencio antes do estrondo triunfante?




5.

E o que seria da apoteose da chuva se não fosse o silencio do arco-íris ao final?

Existe uma dança do silencio e do som

Do movimento e da quietude

Do estar entre amigos e o estar só

Equilíbrio

Que nos leva além da dança das nuvens

Que nos leva ao céu azul

Observando tudo com amor e acolhimento

Tranquilo

Fora do tempo e do espaço

Espaço de ser


A harmonia inerente advém de aeons fora do espaço tempo

Direto da divina fonte

E se manifesta continuamente e chega até 3° dimensão

Desde que se tenha olhos para ver, ela chega.

Ela se manifesta no desabrochar da primavera da 3° dimensão.

Ela se manifesta nos olhos cheios de amor.

Ela se manifesta na contemplação reverente.

No canto dos pássaros

Na linguagem dos ventos

Nas nebulosas, nas galáxias

Na Terra.


6.

O que nos leva além da dança das nuvens?

Existe um gozo inaudível?

A paz pode ser uma incompreensão?

Já experimentastes a harmonia inerente?


Estar só é abrir espaço 

Deixar a água correr por entre os maciços.





 
 
 

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